
Operação militar no noroeste da Síria após confrontos com combatentes pró-Assad

As forças de segurança sírias lançaram uma grande operação militar no noroeste da Síria nesta sexta-feira (7), após violentos confrontos no dia anterior com combatentes leais ao presidente deposto Bashar al-Assad.
Uma ONG afirmou que em sua operação, as forças de segurança sírias "executaram" 69 membros da minoria alauíta, à qual Assad pertence.
As autoridades do país enviaram reforços nesta sexta e realizaram grandes operações de rastreamento na região depois que pelo menos 147 pessoas morreram na véspera em confrontos intensos, de acordo com um novo balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
O ex-presidente Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia depois de governar o país com mão de ferro por 24 anos, foi derrubado em 8 de dezembro por uma aliança de grupos rebeldes islamistas liderados pelo grupo radical Hayat Tahrir al Sham (HTS).
Desde então, as novas autoridades têm enfrentado o desafio de restaurar a segurança no país, palco de uma sangrenta guerra civil que começou em 2011 e deixou mais de meio milhão de mortos.
A Arábia Saudita condenou a violência cometida por "grupos ilegais" contra as forças de segurança. A Turquia, que faz fronteira com a Síria, alertou contra qualquer provocação que ameace a paz "na Síria e na região".
A Rússia pediu o fim do "banho de sangue" e disse estar pronta para "coordenação de esforços" entre "parceiros estrangeiros" para alcançar "uma rápida redução da tensão".
- "Disparos e explosões" -
Um toque de recolher foi imposto nas regiões costeiras de Latakia, reduto da comunidade alauíta, e Tartus, mais ao sul, que durou até sábado.
"À noite, ouvimos tiros e explosões com a chegada de reforços maciços", disse Ali, contatado pela AFP de Damasco, em Jableh, cerca de 10 quilômetros ao sul de Latakia.
"As pessoas estão ficando em casa, todos estão com medo. A chegada de veículos militares e comboios de todas as partes não é tranquilizadora", acrescentou.
Mustafa Kneifati, chefe de segurança em Latakia, fez menção a um ataque "planejado e premeditado" contra posições do governo na região.
De acordo com o OSDH, uma organização sediada em Londres, mas com uma extensa rede de informantes na Síria, as forças de segurança "executaram" 69 alauítas na sexta-feira em dois locais em Latakia, Al Shir e Al Mujtariya, com base em vídeos e testemunhos.
A ONG e os milicianos divulgaram vídeos que mostram dezenas de corpos de civis empilhados no pátio de uma casa. Outra gravação exibe homens em trajes militares ordenando que três pessoas se ajoelhem antes de matá-las à queima-roupa.
A AFP não conseguiu verificar a autenticidade desses vídeos.
- "Grupos ilegais" -
Imagens divulgadas pela agência de notícias oficial Sana nesta sexta-feira mostraram combatentes armados das novas forças de segurança em caminhonetes entrando nas cidades de Baniyas e Tartus.
Outra filmagem capturada pela AFP em Al Bab, no norte da Síria, mostra combatentes em uniforme militar pertencentes ao Exército Nacional Sírio - uma facção pró-turca - indo em direção a Latakia em apoio às novas autoridades.
Em 24 horas, os combates deixaram 78 mortos, incluindo 37 membros das forças de segurança, 34 combatentes armados e quatro civis, informou o OSDH.
De acordo com a Sana, que citou uma fonte das forças de segurança, as "operações de pente fino" tiveram como alvo membros "das milícias de Assad e aqueles que os apoiaram e auxiliaram" em Latakia e Tartus.
Durante a operação em Latakia, as forças de segurança anunciaram a detenção em Jableh do general que comandava a segurança da Força Aérea, uma das agências mais próximas da família Assad, informou a Sana.
"Nossas forças na cidade de Jableh conseguiram prender o general criminoso Ibrahim Huweija", afirmou a agência. "Ele é acusado de centenas de assassinatos no período do criminoso Hafez al Assad", pai e antecessor do presidente deposto.
O diretor de segurança da província também afirmou que as forças governamentais haviam entrado em confronto com homens armados leais a um comandante das forças especiais da era Assad, Suheil al Hassan, apelidado de "o Tigre".
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C. Fournier--BTZ